Brasil assistirá hoje a eclipse lunar

quarta-feira, 15 de junho de 2011

0 comentários
A maioria dos brasileiros verá a Lua nascer eclipsada hoje. O fenômeno ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua estão alinhados, com nosso planeta no meio. As regiões que poderão observar o eclipse do início ao fim estão na África, no Oriente Médio, na Ásia e na Oceania. A América do Norte não conseguirá ver o fenômeno. Os europeus, assim como os brasileiros, só verão o fim.

Na capital paulista, a Lua nascerá - coberta pela sombra da Terra - às 17h25. Dois minutos depois, o Sol vai se pôr. Portanto, o satélite estará escuro, mas o crepúsculo ainda iluminará o céu por alguns minutos. "O grande desafio para os observadores será notar que a Lua já está lá. Ela vai estar bem apagada", avisa Paulo Sérgio Bretones, astrônomo da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). A observação do fenômeno poderá ser feita com binóculos, lunetas e telescópios amadores.

Este é um dos dois eclipses lunares deste ano, mas o único que será visível para os brasileiros. O outro ocorrerá em dezembro. Além destes, teremos ainda dois eclipses solares, um em 1º de julho e outro em 25 de novembro. O próximo eclipse lunar que poderá ser visto no Brasil por completo está previsto apenas para setembro de 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Design inteligente de uma 'simples' célula

terça-feira, 14 de junho de 2011

0 comentários

Matérie mais que interessante para meus alunos de 1° ano. Não só os de 1° tá galera rsrsrs 

O centro de comando

Colunista apresenta estruturas do núcleo das células das quais você provavelmente nunca ouviu falar.

Nossos professores comumente afirmam que a composição do núcleo da célula é simples e que ele possui apenas uma matriz aquosa, denominada nucleoplasma, na qual estão imersos os cromossomos e alguns nucléolos, responsáveis pelo armazenamento de moléculas de RNA ribossômico. Contudo, essa definição simplista está longe de descrever toda a dinâmica e complexidade da região nuclear, responsável pelo comando das células. Por que há, então, essa enorme diferença entre o que a ciência sabe sobre o núcleo celular e o que é ensinado em nossas escolas?

O núcleo foi a primeira organela a ser descrita. Observações dessa região celular foram feitas em 1682 pelo “pai da microbiologia”, o holandês Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), e posteriormente, em 1802, pelo botânico austríaco Franz Andreas Bauer (1758-1840). Contudo, a descoberta do núcleo celular é freqüentemente atribuída a outro botânico: o escocês Robert Brown (1773-1858), que descreveu essa região celular 29 anos depois (1839), a partir do exame de células de orquídeas.

Contudo, nenhum dos três arriscou-se a indicar uma função para essa estrutura recém-descrita. O primeiro a sugerir um papel para o núcleo celular foi o alemão Matthias Schleiden (1804-1881), botânico considerado um dos fundadores da teoria celular, que apresenta as células como a unidade funcional básica dos seres vivos. Um ano antes da descrição de Brown, Schleiden propôs que o núcleo seria o local responsável pela geração de novas células.

As afirmações de Schleiden foram duramente criticadas e somente em 1876 as pesquisas do zoólogo alemão Oscar Hertwig (1849-1922) com embriologia de ouriços marinhos, anfíbios e moluscos indicaram que o núcleo celular tinha participação no processo de formação de novas células e, posteriormente, de novos seres vivos. A participação dessa organela nos processos hereditários tornou-se clara apenas algumas décadas depois, no início do século 20.

Origem do núcleo

Ao longo do último século, diversas teorias têm sido propostas para descrever a origem evolutiva do núcleo celular. Essas especulações incluem a possibilidade de que essa organela tenha se estabelecido nas células como resultado de uma relação endossimbiótica análoga à que estaria por trás da origem dos cloroplastos e mitocôndrias, segundo a teoria proposta por Lynn Margulis (1938), professora da Universidade de Massachusetts Amherst (EUA).

Essa teoria, conhecida como “modelo sintrófico”, afirma que um antigo representante de um grupo de microrganismos conhecidos como Archaea metanogênicas invadiu ou foi fagocitado por bactérias primitivas aparentadas com as atuais mixobactérias. Por algum motivo desconhecido, esse organismo não foi digerido pelas bactérias e, após algum tempo, a convivência passou a apresentar benefícios para ambas as células que, assim, passaram a viver juntas.

A similaridade entre algumas proteínas nucleares presentes nas células eucarióticas e nas Archaea, como as histonas, e a semelhança entre algumas proteínas citoplasmáticas dos eucariótas e das mixobactérias (como as quinases e proteínas G, por exemplo) são citadas pelos defensores dessa teoria como provas dessa relação endossimbiótica.

Uma segunda teoria propõe que as células eucarióticas evoluíram a partir de formas primitivas aparentadas com as atuais bactérias planctomicetes, um grupo que possui um citoplasma subdividido por membranas e inclusive uma estrutura nuclear. Outra hipótese, mais controversa, afirma que a região nuclear surgiu após a invasão de células primitivas por vírus (provavelmente poxvírus). Esse modelo se baseia na similaridade entre células eucarióticas e vírus em relação as suas moléculas de DNA, as enzimas conhecidas como DNA polimerases e algumas proteínas.

Outro modelo alternativo, mais recente, denominado hipótese da exomembrana, sugere que o núcleo surgiu após a produção de uma nova membrana externa em torno do envoltório celular original. Essa nova cobertura seria a atual membrana plasmática e a membrana celular original se tornou a atual membrana nuclear ou carioteca.

O núcleo tradicional

O núcleo celular é a maior organela das células eucarióticas, ocupando nos mamíferos, em média, cerca de 10% do volume celular. Apesar de seu tamanho avantajado, ele ainda é envolto em mistério.

Os livros didáticos afirmam que o núcleo celular é delimitado pela carioteca, um envoltório formado por uma membrana interna e outra externa contínua com o retículo endoplasmático rugoso. A carioteca também possui uma série de poros nucleares aquosos associados com a permeabilidade seletiva entre o núcleo e citoplasma, que impede, por exemplo, que o material genético “escape” para fora do núcleo.

Internamente, o núcleo é composto por uma matriz aquosa, denominada nucleoplasma. Ali estão imersas uma rede de proteínas filamentosas do citoesqueleto celular responsáveis por dar sustentação a carioteca e por manter cromossomos e outros componentes nucleares em regiões específicas.

O material genético celular está reunido em um grupo de longas moléculas de DNA denominadas cromossomos que, na maior parte do ciclo celular, estão associadas com proteínas (principalmente histonas), formando um arranjo denominado cromatina. Os nucléolos são outro componente evidente do núcleo e estão relacionados com a síntese e edição de moléculas de RNA ribossômico (RNAr).

Componentes menos conhecidos

Além das estruturas acima citadas, existe uma série de outros componentes nucleares que você provavelmente não conhece e que não estão na maioria dos livros didáticos. Entre eles, estão as estruturas conhecidas como corpos de Cajal, que são possivelmente locais associados com a maquinaria de transcrição celular através do processamento de diversos tipos de RNA.

O núcleo contém ainda os chamados domínios PIKA (sigla em inglês para associações cariossomais polimórficas da interfase). Essas estruturas foram descobertas apenas em 1991 e, apesar de suas funções ainda não serem claras, acredita-se que elas estejam associadas com a produção de fatores relacionados com a transcrição de alguns tipos de RNAs. Outros componentes pouco conhecidos são os corpos PML (“leucemia promielóctica”, na sigla em inglês), dispersos pelo nucleoplasma e relacionados provavelmente com a regulação da transcrição de outras regiões nucleares.

Surpreso? Pois a lista ainda não acabou! Os domínios SC35 ou speckles (assim chamados devido ao seu aspecto disperso e amorfo observado nas células de mamíferos) são regiões móveis envolvidas no processamento de RNA, na regulação transcricional e na apoptose. Por fim, temos os paraspeckles, descobertos em 2002. Presentes no espaço intercromatínico, essas estruturas dinâmicas se alteram em resposta a mudanças na atividade metabólica celular.

Apesar de ainda conhecermos pouco sobre a biologia desses compartimentos nucleares, descobertas recentes indicam que o núcleo celular é muito mais complexo do que se pode pensar após um exame superficial. Embora essa organela não apresente uma distinção morfológica entre as suas regiões, sua especialização territorial fisiológica e sua plasticidade funcional tornam o ambiente nuclear muito dinâmico e capacitam-no para desempenhar um sem-número de tarefas metabólicas necessárias para a preservação da biologia celular. Resta agora esperar para ver isso em nossos livros e em nossas aulas.


Jerry Carvalho Borges

Algas como combustível alternativo

segunda-feira, 13 de junho de 2011

0 comentários
Alunos do segundo ano Fribourg - Leitura extra para o Reino Protista.
Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro (RJ)
Agência FAPESP – Embora, entre as matrizes vegetais, a soja seja a principal base do biodiesel do Brasil, sua escala de produtividade é baixa – de 400 a 600 quilos de óleo por hectare – e tem apenas um ciclo anual. O girassol pode produzir um pouco mais, de 630 a 900 quilos. No entanto, pesquisa realizada no Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) indica que microalgas encontradas no litoral brasileiro têm potencial energético para produzir 90 mil quilos de óleo por hectare.
E, segundo o estudo, elas têm diversas outras vantagens. Do ponto de vista ambiental, o biodiesel de microalgas libera menos gás carbônico na atmosfera do que os combustíveis fósseis, além de combater o efeito estufa e o superaquecimento.
A alternativa também não entra em conflito com a agricultura, pode ser cultivada no solo pobre e com a água salobra do semi-árido brasileiro – para onde a água do mar também pode ser canalizada – e abre possibilidades para que países tropicais (como a Polinésia e nações africanas) possam começar a produzir matriz energética. Além disso, as algas crescem mais rápido do que qualquer outra planta.
“O biodiesel de microalgas ainda não é viável, mas em cinco anos haverá empresas produzindo em larga escala”, estima o biólogo Sergio Lourenço, do Departamento de Biologia Marinha da UFF, responsável pelo estudo.
Lourenço identificou dezenas de espécies com potencial para produzir o biodiesel em larga escala. O problema é que a porcentagem de lipídios de cada alga não é alta – poucas espécies chegam a 20% de concentração. Mas a soja (18%) e o dendê (22%) também concentram baixas quantidades de lipídios. O amendoim concentra 40%.
“Se a matriz tem baixa concentração de lipídios, temos que acumular muito mais massa”, explica o biólogo. Por isso, ele e sua equipe trabalham em métodos para estimular a concentração de lipídios. “Por meio de técnicas de manipulação das condições de cultivo, conseguimos alterar a composição química nos meios de cultura, aumentando assim a concentração de lipídios. Em dez dias a biomassa está apta a ser colhida.”
Há pouco mais de um ano, o projeto vem sendo articulado com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério da Agricultura, a Secretaria Especial de Água e Pesca e a Casa Civil, que conduz o Programa Nacional de Biodiesel.
Segundo Lourenço, outra vantagem ecológica nesse cultivo: para fazê-las crescer, é necessário tirar carbono da atmosfera.
As microalgas são usadas há décadas na produção de encapsulantes e na aquacultura, para alimentar peixes e outros animais. Segundo o pesquisador, desde a década de 1970, depois da primeira grande crise do petróleo de 1973, já se pensava na aplicação desses organismos marinhos para a produção de energia a partir da biomassa.
De acordo com Lourenço, outra vantagem é que, assim como a cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol, as microalgas demandam uma área pequena para seu cultivo e podem produzir uma quantidade de biocombustível bem maior.
“A cana-de-açúcar ocupa 2% da área agrícola do Brasil, aproximadamente 45 milhões de hectares. A Embrapa indica que o país tem ainda 100 milhões de hectares que pode ocupar. O programa energético prevê mais 2 milhões de hectares, ainda assim uma fração da área total disponível. Com o cultivo das microalgas ocupando apenas 1% da área que a soja utiliza hoje, pode-se produzir a mesma quantidade de biodiesel que ela produz ao ano”, afirmou.

O retorno do fantasma

0 comentários
3° Texto
Colunista fala sobre os mecanismos evolutivos dos vírus e o surgimento da gripe suína na população
Por: Jerry Borges
Publicado em 01/05/2009 | Atualizado em 09/11/2009



A compreensão da história evolutiva dos diferentes grupos de vírus é vital para que possamos entender a sua epidemiologia e desenvolver estratégias eficazes para o combate de uma série de doenças humanas.

Alguns vírus têm profundo efeito sobre a história da humanidade, enquanto outros têm impacto marcante e atual sobre a saúde pública. Compreender a evolução dos vírus e dos meios pelos quais eles obtiveram sua diversidade genética atual pode nos auxiliar a entender esses efeitos.

Os vírus são extremamente diversos e podem ser agrupados de acordo com seu material genético: DNA ou RNA de fitas simples ou dupla. Contudo, diferentemente de outros grupos taxonômicos, não há entre os variados grupos de vírus similaridade filogenética – ou seja, relação evolutiva.

Tipicamente, vírus pertencentes a uma mesma família possuem genoma similar e alguns genes semelhantes ou homólogos. Membros de famílias diferentes raramente possuem genes homólogos identificáveis. Podemos, portanto, traçar uma árvore filogenética descrevendo as similaridades evolutivas dos organismos que apresentam estrutura celular (bactérias, arqueobactérias e seres eucariotos), mas isso não é possível para os vírus.

Os vírus são classificados em cerca de setenta famílias. Destas, vinte infectam o homem. A diversidade genética dos grupos de vírus é afetada por sua história evolutiva e a de seus hospedeiros. Ancestrais humanos foram infectados por muitos vírus e a compreensão dessa relação nos diz muito sobre a nossa própria história evolutiva.

Por exemplo, vírus que causam doenças associadas com aglomerações não puderam se manter nas pequenas populações caçadoras e coletoras de homens pré-históricos. O vírus do sarampo é um exemplo clássico desse grupo. Indivíduos afetados por essa infecção desenvolvem imunidade durante sua vida. Por isso, a manutenção desse vírus requer um suprimento constante de indivíduos não infectados – principalmente crianças.
Micrografia do vírus do sarampo, que precisa de grandes aglomerados humanos para se manter na população (foto: Cynthia S. Goldsmith/ CDC).
Tem-se estimado que o sarampo pode persistir em populações com pelo menos 250 mil indivíduos, algo que só ocorreu com grupos humanos há 5 mil anos, no Oriente Médio. Uma vez que os primeiros humanos chegaram ao continente americano há mais de 10 mil anos, eles não estiveram expostos – até 1492, quando a América foi “descoberta” por Cristóvão Colombo – a vírus adquiridos por populações humanas aglomeradas. Por isso, estima-se que até o século 16 cerca de 90% das populações nativas das Américas morreram de doenças causadas por vírus como o sarampo e a varíola, provenientes dos invasores europeus.

Por outro lado, alguns vírus passaram a afetar a saúde humana apenas nas últimas décadas do século 20. O HIV é o exemplo mais conhecido desses vírus. Existem, contudo, diversos outros, como o Marburg, o Ebola, o Nipah, o Hendra e o SARS, que têm um espectro de ação mais limitado. Essas viroses emergentes estão associadas com o crescimento demográfico e as alterações ambientais e a poluição que vêm nos trilhos desse aumento populacional.

Além disso, a maior facilidade dos indivíduos para se deslocar para qualquer lugar do planeta contribui para o surgimento dessas infecções. Por exemplo, em 1999, foi noticiado um caso de infecção por um vírus da região oeste do rio Nilo (África) nos Estados Unidos e, em 2005, o vírus Chikungunya, originário da África Central, contaminou aproximadamente um terço dos cerca de 770 mil habitantes das ilhas Reunião, no oceano Índico. Outro caso que estamos acompanhando atualmente nos noticiários é o alastramento global da gripe suína a partir do México.

Diversidade genética viral
A diversidade genética contemporânea dos vírus está associada com o período de separação dos diferentes grupos a partir de seus ancestrais e com a sua respectiva taxa de evolução. Diversos vírus têm sido adquiridos pelo homem a partir de outras espécies animais (por exemplo, o vírus da gripe suína) e sofrem muitas vezes modificações posteriores na espécie humana.

Forças como a deriva genética, a seleção natural, as taxas de mutação e a competição entre indivíduos de espécies iguais ou diferentes obviamente atuam sobre esses vírus. Grupos menores ou que apresentem uma menor capacidade de dispersão e que sofram uma proporção maior de mutações genéticas podem evoluir mais rapidamente.

Vírus de RNA que dependem da RNA polimerase para a sua replicação estão mais sujeitos a sofrer mutações. Isso se deve ao fato de que essa enzima é mais propensa a erros do que a DNA polimerase, associada à multiplicação dos vírus de DNA.

Substituições das subunidades componentes do DNA e do RNA – conhecidas como nucleotídeos – que não afetam o tipo de aminoácido codificado (substituições sinonímias) são provavelmente neutras do ponto de vista evolutivo. Por outro lado, substituições não-sinonímias podem afetar de forma negativa ou positiva a estrutura tridimensional da proteína codificada e influenciar, portanto, a sua atividade.

Como as proteínas têm sido, durante milhões de anos, submetidas a uma forte pressão seletiva, baseada na eficiência de seu relacionamento com os seus substratos, modificações na sequência de aminoácidos e, consequentemente, na estrutura tridimensional das proteínas quase sempre são nocivas para essas moléculas orgânicas.

Vírus da gripe
Micrografia colorizada do sorotipo H1N1 do vírus da gripe tipo A, responsável pela pandemia de 1918 e pelo atual surto de gripe suína (foto: E. Palmer e R.E. Bates/ CDC).
O vírus da gripe ou influenza representa – juntamente com o HIV – o exemplo mais extensivamente estudado de vírus que têm se associado ao homem. Os homens são infectados por três vírus da gripe relacionados entre si. Esses vírus, denominados A, B e C, pertencem à família Orthomyxoviridae.

Dentre esses três vírus da gripe, apenas o tipo C causa infecções mais brandas. O vírus tipo B pode provocar consequências danosas para a saúde de seus hospedeiros. Por isso, ele é utilizado no Brasil em campanhas de vacinação para idosos, nos quais pode causar problemas graves e mesmo óbitos.

O vírus tipo A, por sua vez, está associado à maioria das epidemias com consequências sérias. Tipicamente, as propriedades antigênicas (capazes de provocar a formação de anticorpos) dos vírus tipo A variam um pouco de um ano para o outro, um processo conhecido como deriva antigênica. Esse processo é responsável pela incapacidade do organismo humano hospedeiro de criar uma resistência permanente contra a gripe.

Contudo, em três ocasiões durante o século 20, as propriedades antigênicas do vírus da gripe tipo A modificaram-se radicalmente. Essas mudanças (conhecidas como mudanças antigênicas) fizeram com que esses vírus passassem a apresentar um sorotipo diferente (linhagem que induz anticorpos diferentes no hospedeiro) e geraram pandemias que levaram milhões de pessoas à morte.

Dezesseis sorotipos H e nove N são conhecidos. Existe também uma série de combinações entre eles. Porém, apenas poucos desses sorotipos são encontrados no homem e, tipicamente, apenas um ou poucos estão presentes na população humana em um dado período. Por outro lado, todos os sorotipos são encontrados em aves aquáticas, o reservatório natural do vírus da gripe tipo A. Alguns sorotipos estão presentes também em mamíferos como os cavalos e os porcos.

A evolução dos vírus da gripe
Os vírus da gripe foram caracterizados inicialmente na década de 1930 e o primeiro sorotipo identificado foi denominado H1N1. Uma mudança antigênica ocorreu em 1957, levando ao surgimento do sorotipo H2N2 e à pandemia conhecida como gripe asiática. Outra mudança ocorreu em 1968 e deu origem ao sorotipo H3N2 e à gripe de Hong Kong.
Hospital militar nos Estados Unidos durante a pandemia de gripe espanhola de 1918 (foto: National Museum of Health and Medicine, Armed Forces Institute of Pathology).
Estudos indicam que a gripe espanhola de 1918 marcou o início da infecção dos vírus H1N1 no homem. Essa foi de longe a pandemia humana mais severa do século 20 – e obviamente de todos os tempos. 
O enorme impacto dessa pandemia sobre a saúde humana não ocorreu devido a uma associação de formas virais já presentes na espécie humana, mas sim devido à introdução de um sorotipo completamente novo de vírus (o H1N1) proveniente das aves.

Durante os últimos anos, tem-se observado o ressurgimento do sorotipo H1N1 na população humana. Um exemplo desse tipo de evento é a atual gripe suína.

Portanto, a gripe suína não representa uma grande novidade em termos evolutivos, mas sim um velho fantasma que a humanidade tem combatido nos últimos 90 anos. 

Engenharia genética ajuda a entender pandemia de 1918

0 comentários
2° Texto para 2° ano


Gene que explicaria letalidade da gripe espanhola torna vírus do resfriado comum mais perigoso
Por: Isabel Levy
Publicado em 09/11/2004 | Atualizado em 20/10/2009
Um grande mistério da história da ciência talvez esteja com os dias contados. Pesquisadores das Universidades de Wisconsin-Madison (EUA) e de Tóquio podem ter identificado a mutação que levou o corriqueiro vírus influenza, causador do resfriado, a se tornar o temido responsável pela gripe espanhola de 1918, numa pandemia que dizimou mais de 20 milhões de pessoas em todo o globo em um único ano.
A foto mostra uma forma relativamente branda do vírus influenza, à qual foram adicionados os genes responsáveis pela letalidade da gripe de 1918 (foto: Yoshihiro Kawaoka, Univ. de Wisconsin-Madison)
Liderados pelo virologista japonês Yoshihiro Kawaoka, os cientistas investigaram amostras do vírus recolhidas do tecido pulmonar de cadáveres preservados de vítimas da gripe espanhola de 1918 e identificaram um gene específico que pode explicar sua extrema virulência. Inserido em vírus relativamente benignos, esse gene - a hemaglutinina (HA) - mostrou-se capaz de transformá-los em formas altamente patogênicas, transmissíveis e por isso mais perigosas.

Os resultados foram divulgados na edição de 7 de outubro da Nature e irão ajudar a entender como o vírus se espalhou de forma tão rápida e eficiente.

Os pesquisadores adicionaram o gene HA a uma forma branda do vírus e analisaram as transformações decorrentes. Em laboratório, ratos foram infectados pelo novo vírus e manifestaram os mesmos sintomas encontrados em humanos contaminados pela gripe. Apesar da doença dificilmente se manifestar nesses roedores, eles tiveram o pulmão totalmente infectado e apresentaram graves reações inflamatórias e fortes hemorragias.

A pesquisa também reforçou a hipótese de o vírus de 1918 ter tido sua origem em aves e, por sua propriedade mutagênica, ter rapidamente se adaptado aos humanos. Os vírus que atacam aves têm receptores específicos em sua superfície que reconhecem as células a serem invadidas - por isso, raramente infectam células humanas. Os cientistas constataram que vírus de aves que receberam o gene HA invadiam com facilidade células humanas.

A pesquisa constatou, ainda, que grande parte da população mundial estaria vulnerável a uma eventual manifestação do vírus da gripe modificado pelo gene HA. A análise de amostras de sangue de japoneses com idade entre 2 e 102 anos constatou que somente os sobreviventes da pandemia de 1918 - hoje idosos - possuem anticorpos naturais contra o vírus e resistiriam, por isso, a um outro surto.

A virose dos vírus

0 comentários

  1° Texto de estudo para o 2°Ano

Classificação de nova espécie descoberta no Reino Unido suscita controvérsia entre especialistas
Por: Vitor Lima
Publicado em 12/08/2008 | Atualizado em 19/10/2009


Nem mesmo os vírus estão livres de adoecer por virose. Um trabalho publicado na semana passada na revista Nature mostra que um vírus gigante conhecido desde 2004 pode contrair infecção causada por um vírus 15 vezes menor que ele. A criaturinha descoberta por cientistas franceses e norte-americanos em uma torre de refrigeração no Reino Unido recebeu o nome de Sputnik.

O vírus infectado pelo Sputnik pertence ao grupo dos mimivírus e tem 750 nanômetros de diâmetro (um nanômetro equivale a um milionésimo de milímetro). Ele geralmente infecta a ameba Acanthamoeba polyphaga, um protozoário facilmente encontrado no solo. Para que esse vírus seja infectado pelo Sputnik, é necessário que ambos estejam no interior da ameba, caracterizando um processo que os virologistas chamam de coinfecção.

Ao invadir a ameba, o vírus gigante subverte sua maquinaria de biossíntese (ribossomos e RNAs transportadores), normalmente usada para fazer proteínas do próprio protozoário, e constrói uma estrutura muito organizada, chamada pelos pesquisadores de “fábrica de vírus”, para produzir suas próprias proteínas e se replicar.

“O Sputnik infecta diretamente a fábrica de vírus, no citoplasma, onde está o genoma do mimivírus, e não o núcleo, em que está o genoma da ameba”, explica à CH On-line o virologista Didier Raoult, líder do grupo que realizou o estudo na Universidade do Mediterrâneo, em Marselha, na Fraa. "Os sintomas da infecção são a diminuição no rendimento da replicação e defeitos na formação dos vírus gigantes."

Proteínas desconhecidas
O Sputnik tem forma icosaédrica e apenas 50 nm de diâmetro. Uma análise proteômica mostrou que ele é capaz de sintetizar 21 proteínas. A seqüência de cada uma delas foi determinada pela técnica de espectrometria de massa e comparada com seqüências de proteínas conhecidas de outros vírus.

Das 21 proteínas identificadas, 13 são desconhecidas pela ciência, ou seja, não se parecem com nenhuma outra descrita até hoje. As oito restantes apresentam semelhaas com proteínas de vírus de grupos bem diferentes entre si, capazes de infectar organismos tão distintos quanto bactérias, eucariotos e archeas (organismos unicelulares sem núcleo com aparência muito similar às bactérias, mas com metabolismo e genoma diferentes).

"Essa mistura de genes de diversas origens que o Sputnik parece apresentar é muito excitante do ponto de vista científico", avalia a virologista brasileira Maite Vaslin, professora do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Uma nova família?
O Sputnik apresenta uma série de analogias funcionais com os vírus bacteriófagos (“comedores de bactérias”), que infectam esse tipo de microrganismo. Por isso, os autores propuseram que o Sputnik é o primeiro exemplar conhecido de uma nova família de vírus – os virófagos.

Novo tipo de supernova é descoberto

sexta-feira, 10 de junho de 2011

0 comentários

09/06/2011
 
Agência FAPESP – Azul, brilhante e muito estranha. É um novo tipo de explosão estelar que poderá ajudar os cientistas a entender melhor os processos de formação de estrelas, de galáxias e do próprio Universo em sua infância.
Trata-se de uma nova classe de supernova – explosão de uma estrela maciça em estágio avançado de evolução –, dez vezes mais brilhante do que a do tipo Ia, a mais conhecida, e 100 bilhões de vezes mais luminosa do que o Sol. Descoberta por um grupo internacional de cientistas, foi descrita em artigo na edição desta quinta-feira (09/06) da revista Nature.
Em todas as supernovas já identificadas, a radiação eletromagnética observada deriva do decaimento radioativo de novos elementos sintetizados, do calor depositado ou da interação entre os dejetos e o meio rico em hidrogênio que se move lentamente após a explosão.
A novidade é que nenhum desses processos serve para o tipo de supernova descoberto por Robert Quimby, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, Estados Unidos, e colegas. “Estamos diante de uma nova classe de supernova, até então desconhecida”, disse.
O grupo identificou duas supernovas que pertencem à nova classe, que receberam os nomes de SN 2005ap e SCP 06F6, a primeira localizada a 3 bilhões de anos-luz da Terra e a segunda a 8 bilhões. Elas são superluminosas, mas não apresentam traços de hidrogênio. Além disso, emitem fluxos consideráveis de radiação ultravioleta durante períodos longos de tempo.
As supernovas identificadas como de nova classe são também muito quentes (de 10.000 a 20.000 kelvin), expandem-se a cerca de 10.000 quilômetros por segundo e levam em torno de 50 dias para desaparecer –mais do que as outras supernovas conhecidas.
Segundo os cientistas, os eventos de longo prazo iluminados por ultravioleta, que deixam claro todo o entorno da supernova, representam uma oportunidade excepcional para usar espectroscopia de alta resolução com o objetivo de investigar regiões formadoras de estrelas ou de galáxias primitivas.
 

Posts Comments

©2006-2010 ·TNB