Pesquisa acrescenta novas peças ao ‘quebra-cabeça’ da evolução das espécies

segunda-feira, 15 de abril de 2013

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Por Noêmia Lopes

 

Agência FAPESP – O maior episódio de extinção em massa da história da Terra ocorreu na passagem do Permiano (o período situado entre 290 e 245 milhões de anos atrás) para o Triássico (entre 245 e 200 milhões de anos). A hipótese mais aceita é a de que eventos vulcânicos ocorridos na Sibéria tenham alterado a composição química da atmosfera, resultando em mudanças climáticas, alterações na circulação das correntes marinhas e, por fim, a extinção em massa.
Em busca de pistas para entender melhor esse momento-chave da história geológica, Max Cardoso Langer, professor do Departamento de Biologia da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, foi a campo nos estados que guardam os principais depósitos do período Permo-Triássico brasileiro – Maranhão, Paraná e Rio Grande do Sul.
Fósseis de vertebrados, invertebrados e até mesmo vegetais desse período foram encontrados ao longo dos dois anos da pesquisa apoiada pela FAPESP entre 2010 e 2012.
Em rochas do período Permiano da Bacia do Parnaíba, no Maranhão, foi localizada uma flora até então desconhecida. “Ela guarda uma semelhança muito grande com as floras permianas da Europa, dos Estados Unidos e do Sudeste Asiático. É um detalhe técnico, mas muito interessante, pois mostra que o norte do Brasil, naquela época, tinha uma biota mais parecida com regiões ao norte do planeta do que com o restante da América do Sul”, disse Langer.
Outra descoberta feita na Bacia do Parnaíba extrapolou o período de abrangência da pesquisa: acima das rochas do Permiano, sedimentos de idade jurássica (de 200 a 145 milhões de anos) escondiam um crânio de um crocodiliforme (parente fóssil dos jacarés atuais). Em terras brasileiras, todos os tetrápodes (animais com quatro patas) do Jurássico eram conhecidos somente a partir de pegadas, tornando esse achado o primeiro com base em esqueleto, segundo Langer.
A terceira entre as coletas mais significativas do Maranhão foi a de vestígios de peixes do grupo dos semionotiformes do período Permiano, animais que tinham por volta de 25 centímetros de comprimento e tegumento áspero por conta de escamas bastante robustas. Eles eram conhecidos somente do Triássico em diante.
“Acreditava-se que tais peixes tinham surgido após a grande extinção. Com o achado, vimos que, na verdade, eles pertencem a uma linhagem que, por algum motivo, resistiu ao evento de crise e irradiou-se depois dela”, disse Langer. O material está na USP de Ribeirão Preto, em análise por uma professora parceira, Martha Richter, do Natural History Museum de Londres.
Descendo o território nacional, Langer e sua equipe foram para a Serra do Cadeado, no norte do Paraná, onde também existem rochas do período Permiano. Lá, encontraram peixes e anfíbios fósseis, agora em vias de serem descritos.
“Achamos ainda vestígios de trilobitas, que são artrópodes – animais com apêndices articulados e exoesqueleto – de ambiente sempre marinho. Não se imaginava que houvesse influência do mar naquela região no período em que viveram esses animais. Mas esta é uma evidência de que tal conexão existiu”, disse o pesquisador.

Na origem dos dinossauros
As investigações em rochas triássicas na depressão central do Rio Grande do Sul ajudaram a descrever três espécies de dinossauros: uma delas, o Pampadromeu (Pampadromaeus barberenai), pela primeira vez; e as outras duas, o Guaibassauro (Guaibasaurus candelariensis) e o Sacissauro (Sacisaurus agudoensis), ganharam descrições mais completas e detalhadas do que as existentes.
“Um dos aspectos que tornam essas descobertas tão interessantes é que as rochas do Triássico do Rio Grande do Sul – assim como as do noroeste argentino – reúnem os dinossauros fósseis mais antigos de que se tem notícia em todo o mundo. Ou seja, estudá-los é olhar para a origem desses animais, para seus primeiros momentos sobre a Terra”, disse Langer.
A irradiação biótica no período do surgimento dos dinossauros, após a extinção entre o Permiano e o Triássico, moldou os padrões de biodiversidade atual. Foi o momento em que também apareceram sapos, tartarugas, mamíferos e as linhagens das aves, crocodilos e lagartos. “Novas descobertas sobre os dinossauros sempre ajudam, portanto, a explicar melhor como se estruturou a fauna que conhecemos hoje em dia”, afirmou Langer.
As buscas em solo gaúcho renderam ainda descrições de novos exemplares de tetrápodes do Triássico, como um rincossauro (Teyumbaita sulcognathus) e um rauisúquio (Decuriasuchus quartacolonia). O primeiro foi um quadrúpede baixo, alongado, que passava dos dois metros de comprimento na idade adulta e contava com uma estrutura dentária própria para mastigar vegetais, provavelmente sementes.
Já os rauisúquios eram os predadores de topo da época, comparáveis, em termos de papel na cadeia alimentar, com os leões e os tigres atuais. “Alguns passavam de cinco metros de comprimento. Pertenciam à linhagem dos crocodilos e conviveram com os dinossauros – que no início não eram tão grandes e provavelmente serviram de presas para os rauisúquios”, explicou Langer.
Hiato de Olson
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Os conhecimentos obtidos a partir de então podem contribuir, de modo especial, com o preenchimento do chamado Hiato de Olson, o período que se estende de 270 a 265 milhões de anos atrás (dentro do Permiano), em que registros fósseis são mais escassos.
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Esta é uma parte da matéria se vcs quiserem terminar essa leitura acessem,  http://agencia.fapesp.br/17103 e boas descobertas... bjs Ju

Sistema para aprimorar diagnóstico de transtornos mentais

quarta-feira, 3 de abril de 2013

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Por Elton Alisson


Agência FAPESP – Pesquisadores ligados ao Instituto Nacional de Saúde Mental (NIHM) dos Estados Unidos estão desenvolvendo um novo sistema de diagnóstico de transtornos mentais, como a depressão, a esquizofrenia e o transtorno bipolar.
A mais recente versão do sistema foi apresentada por Bruce Cuthbert, diretor da Divisão de Desenvolvimento de Pesquisa Translacional e Tratamento de Adultos da instituição, durante a São Paulo School of Advanced Science for Prevention of Mental Disorders (Y Mind).
Foram selecionados 102 estudantes de pós-graduação para participar da Escola, dentre os 270 inscritos, dos quais 25 eram provenientes do Estado de São Paulo, 27 de outros estados do Brasil e 50 do exterior, advindos de 25 países.
O diagnóstico dos transtornos mentais é realizado atualmente com base na observação clínica de um conjunto de sinais e sintomas apresentados pelos pacientes em um determinado período.
Segundo Cuthbert, apesar de útil e estar disseminado amplamente pelos serviços médico, legal e social, o sistema está defasado por ter sido desenvolvido em uma época em que o conhecimento em genética, neurociências e ciências do comportamento humano era limitado.

Foco nos jovens
Na avaliação de Jair de Jesus Mari, professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e um dos coordenadores da Y Mind, o novo sistema de diagnóstico de transtornos mentais em desenvolvimento pelo NIHM deverá contribuir para o dignóstico precoce das doenças mentais que surgem especialmente na adolescência, quando o cerébro humano está se reorganizando.
Por conta disso, de acordo com Jesus Mari, as ações de prevenção ao transtorno mental no Brasil – a exemplo do que vem sendo feito em outros países – devem ser focadas nos jovens.
Os pesquisadores brasileiros pretendem replicar no Brasil uma experiência realizada em países como a Austrália, que implementou centros de prevenção a transtornos mentais em jovens – denominados Headspace Centres –, de modo a diagnosticar adolescentes que apresentam ou estão expostos a fatores de risco que potencializam o desenvolvimento de adicções, estados depressivos e transtornos mentais graves, como esquizofrenia e transtorno afetivo bipolar. Outro projeto que pode ser implantado no Brasil, segundo Jesus Mari, é o desenvolvimento de um currículo sobre o que é saúde mental para jovens, como ocorre no Canadá.
O plano dos pesquisadores é a criação de um centro de convivência que ofereça atividades socioeducativas, como oficinas de leitura, teatro, música e esportes, e concentre diversas ações de prevenção em saúde mental. “A ideia é que nesse espaço realizemos uma ação articulada com a escola, com agentes de saúde e com as famílias desses jovens”, disse Jesus Mari.
Algumas das ações possíveis são a disseminação de comportamentos sexuais saudáveis, o estímulo a atividades físicas e esportivas e socioculturais e a conscientização sobre os riscos do consumo de álcool, drogas e o tabagismo na adolescência.
Por meio da articulação com outros setores, como o de educação e o judiciário, os especialistas pretendem identificar mais precocemente jovens com maior probabilidade de desenvolver transtornos mentais e que tenham dificuldade de adaptação social.
Entre eles, estão estudantes que praticam bullying nas escolas, que são candidatos a apresentar comportamento agressivo e ter problemas com a justiça, além de jovens alvos de violência física ou psicológica no ambiente escolar ou que começaram a usar drogas pesadas.
“Precisamos ter um sistema de saúde mais aberto que permita a esses jovens se comunicar com os profissionais de saúde e estabelecer um diálogo franco. Isso pode contribuir para a identificação precoce e possível redução da morbidade associada aos transtornos mentais que se iniciam na infância e adolescência”, disse Jesus Mari.

Fiz alguns recortes da materia pra ver a integral visite o site da Fafesp
 http://agencia.fapesp.br/17061
 

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